Desde pequena, sempre fui fascinada por trabalhos manuais. Lembro bem da primeira vez que fiz um porta-lápis com rolinhos de papel higiênico — um verdadeiro tesouro aos olhos da minha mãe. Hoje, como jornalista especializada em criatividade e DIY (do it yourself), acompanho de perto o movimento crescente de pessoas que redescobrem no artesanato não só um hobby, mas também uma forma de expressão e até de renda extra. Se você está pensando em começar nesse universo encantador, preparei uma lista essencial com os materiais que vão te acompanhar nesse início.

Tesoura: sua primeira aliada

Pode parecer óbvio, mas uma boa tesoura faz toda a diferença. Aquelas tesouras escolares até quebram um galho, mas se você quiser cortes precisos, invista em uma com lâmina de aço inox e cabo ergonômico. Eu mesma demorei a trocar a minha antiga e me arrependi assim que experimentei uma profissional — a diferença é gritante.

Cola: mais importante do que parece

Há muitos tipos de cola, e cada uma tem sua função. A cola branca é coringa, perfeita para papel, papelão e madeira leve. Já a cola quente é indispensável para colagens rápidas e mais resistentes — só cuidado com os dedos, já me queimei algumas vezes no começo! Se você pretende trabalhar com tecido, uma cola específica para tecido é fundamental.

Papéis e cartolinas

Papel é um dos materiais mais versáteis do artesanato. Desde origamis até cartões decorados, ele sempre encontra seu espaço. Comece com cartolinas, papéis coloridos, papel kraft e sulfite comum. Eu gosto de manter um estoque variado em casa; nunca se sabe quando vai surgir uma ideia nova.

Tecidos e retalhos

Mesmo que seu foco inicial não seja costura, tecidos e retalhos podem ser usados para encapar cadernos, fazer flores, criar texturas em quadros e muito mais. Vale pedir sobras em lojas de costura — muita gente não sabe, mas eles costumam vender kits de retalhos bem baratos.

Fita adesiva, fitas decorativas e barbantes

Outro trio que uso praticamente em todo projeto: fita dupla face, washi tapes (aquelas decoradas, de origem japonesa) e barbantes de algodão. Além de funcionais, esses materiais dão um charme especial às peças. Uma vez, fiz uma guirlanda só com barbantes coloridos e galhos secos. Foi um sucesso entre os amigos!

Pincéis e tintas

Mesmo quem não sabe pintar pode usar pincéis e tintas para dar vida a caixas, latas e porta-retratos. Comece com tinta acrílica, que seca rápido e adere bem à maioria das superfícies. Já os pincéis, recomendo ter pelo menos três tamanhos: fino, médio e largo.

Régua, lápis e estilete

Nunca subestime o poder da precisão. Ter uma régua de metal e um estilete afiado facilita muito na hora de cortar papelão ou EVA. O lápis ajuda a fazer marcações discretas que depois podem ser apagadas com facilidade.

EVA, feltro e miçangas

Esses materiais são ótimos para quem gosta de peças coloridas, divertidas e infantis. Dá para fazer chaveiros, lembrancinhas, brinquedos pedagógicos… Já perdi as contas de quantas vezes recorri ao EVA quando precisava de um presente de última hora feito à mão.

Onde comprar?

Você encontra esses materiais em papelarias, lojas de R$1,99, armarinhos ou até online, em kits prontos para iniciantes. Sempre recomendo visitar feiras de artesanato ou lojas locais — além de encontrar produtos únicos, você ainda apoia pequenos empreendedores.

Comece pequeno e vá descobrindo seu estilo

Meu maior conselho para quem está começando é: não tente fazer tudo de uma vez. Escolha um projeto simples — como customizar um caderno ou criar um enfeite para casa — e vá testando os materiais. O artesanato, mais do que uma técnica, é uma experiência de autoconhecimento. E acredite, com o tempo, seu estilo vai começar a se revelar.

Seja bem-vindo(a) ao mundo do “faça você mesmo”! Ele é mais acolhedor do que você imagina — e totalmente apaixonante.

BÔNUS: Dicas para organizar seus materiais de artesanato

Se tem algo que aprendi com os anos — e com as incontáveis vezes em que perdi um botão, uma tesoura ou aquela fita linda que comprei “pra um projeto especial” — é que a organização é quase tão importante quanto a criatividade. Não adianta ter os melhores materiais se eles ficam espalhados ou difíceis de encontrar.

Logo abaixo, compartilho algumas estratégias que funcionam muito bem comigo e podem ajudar você a manter tudo à mão, sem bagunça.

Use potes de vidro e latas reaproveitadas

Sempre guardo potes de geleia, vidros de conserva e latas de achocolatado. Eles são ótimos para armazenar miçangas, botões, lápis, pincéis e fitas. Com um toque de tinta ou papel adesivo, ainda viram parte da decoração do seu cantinho criativo.

Caixas organizadoras com divisórias

Você pode comprar caixas próprias para artesanato ou improvisar com caixas de ovos, formas de gelo e até bandejas de talheres. Eu montei uma gaveta só com essas divisórias e confesso que foi um divisor de águas na minha rotina criativa.

Etiquetas são suas melhores amigas

Pode parecer excesso de zelo, mas etiquetar os potes e gavetas economiza tempo e evita frustrações. Já tive que revirar uma caixa inteira só porque confundi lã com linha de crochê. Hoje, tudo é devidamente identificado — e minha paciência agradece.

Tenha um cantinho fixo (mesmo que pequeno)

Nem todo mundo tem espaço para um ateliê, eu sei. Mas mesmo quando morava em um apartamento minúsculo, reservei um cantinho da mesa da sala só para meus projetos. Com uma prateleira acima e uma cadeira confortável, consegui montar um mini estúdio de criação que me rendia horas felizes.

Mantenha um caderno de ideias

Essa é uma dica pessoal que faz toda a diferença: um caderno onde anoto inspirações, esboços e listas de materiais. Ele vai se tornar seu melhor aliado na hora de planejar novos projetos — e uma deliciosa recordação do seu processo criativo ao longo do tempo.

Concluir esse artigo é, para mim, como fechar uma caixa de ferramentas cheia de possibilidades. Escrever sobre os materiais essenciais para começar no artesanato me levou de volta às minhas próprias origens, quando tudo era novo, improvisado e encantador. E se tem algo que aprendi ao longo dos anos, é que o mais importante não é ter os materiais mais caros ou sofisticados, mas sim a vontade de criar com as próprias mãos — e com o coração.

Começar no artesanato é como aprender um novo idioma. No início, parece que você está tentando montar frases com palavras soltas. Os materiais são esses vocabulários: cola, tesoura, papel, tinta… aos poucos, você entende como eles se combinam, como se complementam, e de repente está contando histórias com aquilo que cria. E como em qualquer aprendizado, é normal errar, se frustrar e até desistir por um tempo. Mas o segredo está em voltar, mesmo que seja só para recortar um pedaço de papel em silêncio.

Cada peça feita à mão carrega algo muito íntimo: nossas escolhas, nosso ritmo, nossos detalhes. E isso não se compra pronto. A beleza do artesanato está justamente nisso — em ser imperfeito, pessoal e único. Quando fiz meu primeiro álbum artesanal de fotos, com cartolina, barbante e cola branca, percebi que a memória da criação era tão valiosa quanto as fotos coladas ali. Desde então, nunca mais parei de criar, mesmo nos dias mais corridos.

O artesanato também tem um poder terapêutico inegável. Já ouvi relatos emocionantes de pessoas que superaram a ansiedade, a depressão e até o luto encontrando refúgio na arte de fazer com as mãos. Há algo de ancestral nesse gesto de construir, transformar e enfeitar o mundo à nossa volta. E quando nos conectamos a isso, é como se tocássemos algo profundo, que vai além da técnica — quase uma forma de meditação.

Para quem está começando agora, meu conselho é: seja gentil com você. Não compare seus trabalhos aos de artesãos com anos de experiência, nem espere perfeição nas primeiras tentativas. O mais importante é começar, experimentar, errar e rir dos erros também. Um botão fora do lugar ou um recorte torto fazem parte da jornada. Aliás, muitas das minhas ideias favoritas surgiram justamente de “erros” que eu resolvi abraçar.

Com o tempo, você vai perceber que sua casa começa a mudar. Uma parede ganha um enfeite feito por você. Um presente de aniversário vira um cartão artesanal. Um pote de vidro que ia para o lixo vira um organizador charmoso. E, de repente, você olha em volta e percebe que sua criatividade está em tudo — nos objetos, nas soluções, no jeito de olhar o mundo. Isso, para mim, é a maior recompensa do artesanato: ele não transforma só os materiais. Ele transforma a gente.

Então, se você leu até aqui, talvez já tenha dado seu primeiro passo. Talvez esteja aí, com as mãos coçando para criar, já pensando em qual será seu primeiro projeto. Se for esse o caso, meu coração se enche de alegria. Que você comece sem pressa, com carinho e curiosidade. E que descubra, como eu descobri, que o artesanato é mais do que uma atividade — é um modo de viver, de sentir e de estar presente no mundo. Boa criação!